quarta-feira, 25 de abril de 2012

Sopa de Letrinhas

Quem me conhece sabe o momento insuportável pelo qual estou passando. Cheguei de intercâmbio crente que ia abafar, afinal de contas, não é isso que toda empresa busca? Um profissional que tenha experiência no exterior, que saiba se virar, que tenha tido a oportunidade de aprender uma outra língua (mesmo que no meu caso essa outra língua seja o português de Portugal), de conhecer outra cultura? Acho que não, pois continuo desempregada e com menos opções do que eu tinha antes de viajar (não que eu me arrependa. Jamais!!!). E como eu, conheço vários outros na minha situação.


Essa semana fui para São Paulo (essa cidade merece um post especial!) para participar de uma dinâmica de trainee (a 13ª dos 33 programas que me inscrevi nos últimos seis meses) e, mais uma vez, não fui aprovada. Sempre, antes de entrar na sala, eu mentalizo tudo aquilo que acho que eu devo fazer. Não é para criar um personagem, mas para tentar enfatizar as minhas características que considero importantes. Se eu fosse contratar alguém para um cargo desse ia querer uma pessoa divertida, criativa, que pensa de forma diferente, que seja flexível e não ligue muito para formalidades puramente burocráticas. Afinal, vivemos num mundo jovem, dinâmico, antenado e sem fronteiras. Mas hoje percebo que o meu erro é sempre pensar em mim. Afinal, não sou eu quem faço a seleção. E a impressão que eu tenho é que a maioria das empresas tenta ser moderninha, mas ainda tem o pensamento da geração passada. E é exatamente essa palavrinha que tem me deixado de fora: Geração (s.f 1. Procriação; 2. Grau de filiação; 3. Conjunto dos homens da mesma época).


Acho que todo mundo já ouviu falar nas gerações X, Y e Z. Para mim, em príncípio, parecia apenas mais um rótulo, uma generalização para facilitar a vida dos pesquisadores, até que passei a ser barrada por todos os X's só por eu ter uma perninha a menos. Sim, isso pode ser apenas uma desculpa para o meu fracasso, mas é um fato que a maioria dos profissionais que ocupam cargos de gerência ou diretoria nasceram entre os anos 65 e 80 (geração X). E é verdade também que eu nasci em 86, bem no meio da geração Y. E eu percebi essa diferença na pele, quando recebi o feedback dessa última dinâmica. O moço do RH começou dizendo que, durante a atividade, eu falei muito e apresentei um pouco de dificuldade em escutar (sim, é um problema que já detectei com anos de terapia. Mas tive vontade de chorar quando percebi que ainda não "consegui fazer diferente"). Mas o que me deixou intrigada foi a segunda parte da avaliação. Segundo as anotações, eu era muito dinâmica, com um pensamento muito rápido e economizei muito tempo durante a minha apresentação pessoal.Oi??? Desde quando isso é ruim? Não é isso que esperam dos novos profissionais??? Foi aí que percebi a grande sopa de letrinhas em que me encontro e onde quem tem a colher é bem diferente de mim!


Tivemos trajetórias diferentes, fomos criados de maneiras distintas, temos ambições antagônicas, mas vivemos e trabalhamos (pelo menos em tese, no meu caso) no mesmo ambiente. E, por isso, às vezes, não conseguimos entender o que o outro quer. Eu cresci na era da informação rápida, da internet, da prosperidade econômica. Tive conforto, pais presentes e um monte de facilidades. Já a geração X cresceu com ideia de ser perfeita, de dominar o mundo. Conquistaram tudo o que têm graças ao próprio trabalho, buscam se desdobrar (da melhor maneira possível) entre todos os papéis sociais que assumiram enquanto nós buscamos uma coisa de cada vez (só conquistamos este direito porque temos a geração X nos apoiando!), primeiro a faculdade e depois um bom emprego, que nos faça feliz e que pague bem. E depois, quem sabe, pensamos em sair de casa, em assumir as próprias responsabilidades...


Nossa realidade é muuuuuito diferente da geração anterior, mas precisamos nos adaptar. É hora de nós, jovens, aceitarmos que a vida não é tão fácil quanto parece e, vocês, da geração X, também precisam entender que a vida não é tão difícil, que as coisas podem ser mais leves e podem ser feitas de outra maneira. "Se X e Y vão conviver, precisam se complementar. Se hoje prevalecem as regras X de produtividade (trabalho e vida pessoal se fundem e as conexões digitais compõem um turno de dedicação permanente), o futuro será Y, ainda em construção." (Cynthia de Almeida, Revista Claudia). E, eu espero, que X + Y tornem o mundo melhor para Z!

É Elis, tenho lá as minhas dúvidas...

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