domingo, 6 de maio de 2012

São Paulo

Como comentei em um post anterior, esse mês fui para São Paulo para fazer uma dinâmica. Como não fui aprovada, tive uma tarde livre para vasculhar a maior cidade da América Latina.


Nunca fui muito fã de São Paulo, admito. Minha família é toda de Juiz de Fora e por isso sempre fui partidária do Rio de Janeiro, mesmo dos Rios de Janeiros do mundo - sempre faço esta referência entre as grandes cidades de um país. Barcelona é o Rio da Espanha, enquanto Madrid é São Paulo. Porto é carioca e Lisboa é paulista. Existem um milhão de Rios e São Paulos espalhadas pelo mundo. Mas admito que sempre que vou à capital paulista, me surpreendo positivamente.


Quando pensava em São Paulo, pensava em trânsito, prédios, japoneses e trabalho. Sim, isso tudo existe (e muito) na cidade, mas não podemos reduzi-la a isto! São Paulo também é cultura, é divertimento, é progresso e é um montão de pequenas cidades dentro de uma só. E foi ao perceber isto que entendi o que significa ser paulista. 


Esta não foi a minha primeira vez na cidade. Como tenho uma super amiga morando lá, já fui visitá-la umas três vezes. Na primeira me dediquei a comprar roupas e ir para a balada. Na segunda vez fiz compras e conheci os pontos turísticos (museus, parques e monumentos). Na terceira fui fazer uma dinâmica e saí arrasada. Esta última visita foi a única em que passei a maior parte do tempo sozinha e pude ver a cidade pelos meus próprios olhos.


Saí da dinâmica decidida a ir no Museu da Língua Portuguesa (legal demais!!!) para ver a exposição "Jorge, Amado e Universal". Mas no meio do caminho lembrei da minha contenção de gastos (ser desempregada tem dessas coisas) e decidi ir conhecer o Bairro Liberdade. A primeira vez em que eu ouvi falar sobre a região foi em uma história da Turma da Mônica e, desde então, morria de vontade de ver como era. O bairro é super bonitinho, os postes são temáticos, tem um milhão de japoneses nas ruas e há lojas por todos os lados. Não cheguei a entrar em nenhuma com muito afinco para evitar me apaixonar por qualquer coisa e ter que sair frustrada ou mais falida. Mas achei engraçado a intercessão cultural que ocorre ali. Na praça onde fica a estação de metrô tinha um quiosque vendendo cachorro-quente, um artista cantando samba e um japa vendendo origami. E o mais engraçado é que todo mundo se sentia a vontade, todos estavam "em casa".


Fui embora com destino ao meu lugar preferido da cidade: a Livraria Cultura do Conjunto Nacional. Sempre gostei de entrar em livrarias e ficar horas folheando os livros (li o "Doce Veneno do Escorpião" assim, entre uma visita e outra), vendo as novidades, fazendo a minha lista dos "Livros para ler antes de morrer". Mas a Cultura é especial! O espaço é fantástico, todo bem pensado e super convidativo. A vontade é de morar lá, principalmente por causa dos pufes que te aconchegam durante a leitura. Mas graças à minha independência e falta de conhecimento, parei umas quatro estações antes da Consolação. Até tentei ir à pé, mas minha sandália e minha roupa de executiva estavam me matando de dor e de calor. Acabei pegando um táxi e indo para casa. Fui conversando com o taxista durante todo o percurso. O assunto foi o habitual quando se é turista: suas percepções sobre a visita. Falei o que eu tinha visto, o que me chamou a atenção, o que me chocou, fiz comparações com minha cidade natal, contei do meu fracasso na dinâmica, falei bem do Rio de Janeiro... deu tempo até de contar minha história de vida, afinal, eram 18h da tarde e o trânsito estava condizente com a fama que tem. 


Quando cheguei na porta do prédio o taxista me disse o valor da corrida. Um valor bem abaixo do que mostrava o taxímetro. Perguntei se estava certo e ele me disse que sim. Falou que aquilo era uma compensação pelo meu dia ruim e uma garantia de que eu levaria uma boa recordação da cidade. "Não deu para chegar até o seu lugar favorito, mas pelo menos você consegui chegar bem em casa". Mal sabe ele que naquele momento eu conheci o meu pedaço predileto de São Paulo, os paulistas!

"É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas"


3 comentários:

  1. Ah Dani.... você contou sua vida para o taxista?? Não acredito, você quase não fala! hahaahah... Tô amando os posts... tá de parabéns! Beijos!!!

    ResponderExcluir
  2. Nossa, adorei o seu relato!!! Vou muito a São Paulo por conta de um curso que faço lá. Na primeira vez fui chateada, afinal moro no Rio de Janeiro e sair daqui para estudar em Sampa me pareceu deprimente.
    Bom, quase 1 ano se passou e agora junto com mais 3 colegas do curso incluímos o final de semana em nossa programação (Por que voltar tão rápido?). São Paulo tem muita dinâmica cultural, sem falar nas comprinhas que sempre planejamos fazer. Ficar na região da Paulista é uma mão na roda.

    Eu não diria que os paulistas são TODOS simpáticos, mas são muito educados e isso pra mim já basta.

    Espero que você já esteja recolocada no mercado de trabalho e que possa viajar bastante e compartilhar suas impressões com as outras pessoas.

    ResponderExcluir
  3. Daniela,
    Eu a-do-ro São Paulo, este ano vou aproveitar meu primeiro dia de férias (que é também meu aniversário) e vou para lá, passar uns dois ou três dias (contenção de despesas, por mim ficava no mínimo uma semana). Quero ficar numa região diferente dessa vez, e estava lá no Viaje na Viagem dando uma pesquisada quando achei o link desse seu post. Lindo demais!

    ResponderExcluir